No
curso Style Yourself em que abordo a questão dos diferentes tipos de corpo (os biótipos) e as suas características, começo por fazer uma breve introdução acerca do que afinal é a Beleza e o que é considerado belo num corpo feminino. Porque é sabido que as noções de beleza não foram estanques ao longo da História, então, hoje em dia, em termos de aparência e corpo feminino, o que é belo? Quais os padrões por que nos regemos?
A Beleza não é mais do que um processo cognitivo e uma experiência pessoal relativamente àquilo que nos agrada de forma particular e decorrente da forma singular como a experimentamos. “O conceito é humano, mas as suas expressões são próprias da natureza, pois em parte está assente sobre directrizes biológicas que são activadas em inúmeras espécies superiores de seres vivos, como por exemplo, as aves e os mamíferos. Através deste aspecto, a beleza pode ser compreendida como elemento importante no processo evolutivo das espécies em questão. Até então, a beleza pode ser mensurável, já que está subordinada a padrões específicos. Mas no universo humano, ela não se resume a isso.” (
wikipedia) Um conceito bastante amplo e pouco definido, portanto.
Em termos humanos, ao longo da História, então, têm havido diferentes noções de beleza e definições daquilo que é considerado belo. Apesar de hoje em dia a beleza estar muitas vezes associada ao que é fútil, a verdade é que desde os tempos mais antigos, o belo é algo a considerar e a que se aspirava – em todos os sentidos. No livro de Umberto Eco, a
História da Beleza – uma obra ilustrada com mais de 600 imagens de obras-primas de todos os tempos que servem para reconstituir as várias ideias de Beleza que se manifestaram e foram objecto de discussão desde a Grécia Antiga até hoje, Eco diz que a noção de Beleza varia de cultura para cultura e de época para época e que desde sempre há uma estreita ligação entre o Belo e o Bom. Aquilo que nos agrada, que é agradável ao olhar mas que também gostaríamos de possuir. Este é um livro muito interessante que recomendo a todas a, pelo menos, passarem os olhos. Para além da História da Beleza, Umberto Eco também se dedicou a estudar a
dimensão do Feio, um conceito consequente e indissociável da Beleza.

Contudo, apesar de a noção de Beleza se variável, há pontos em comum e teorias a que se chegou neste campo da Beleza. “Há evidências de que a preferência por rostos bonitos surge no início do desenvolvimento da criança, e que os padrões de atractividade são similares aos diferentes sexos e culturas. A simetria é também importante, pois ela sugere a ausência de defeitos adquiridos ou genéticos.
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Homem Vitruviano – de Leonardo da Vinci –
conceito renascentista racional e
antropocêntrico sobre a beleza |
Embora o estilo e a moda variem amplamente, pesquisas com diferentes culturas encontraram uma variedade de pontos em comum na percepção das pessoas sobre a beleza. A mais antiga teoria ocidental de beleza pode ser encontrada nas obras dos primeiros filósofos gregos a partir do período pré-socráticos, tais como Pitágoras. A escola pitagórica viu uma forte conexão entre matemática e beleza. Em particular, eles observaram que os objectos com medidas de acordo com a proporção áurea pareciam mais atraentes. A arquitetura da Grécia Antiga é baseada nessa visão de simetria e proporção.
Platão considerava que a beleza era a ideia (forma) acima de todas as outras ideias. Aristóteles viu uma relação entre o belo e a virtude, argumentando que “A virtude visa à beleza.” (para saber mais, vejam aqui).
Podemos ver, então, que no no Corpo há a noção de belo, daquilo que é considerado bom visualmente e que está associado a uma noção de proporção e harmonia. No entanto, ao longo dos tempos, houve diferentes noções de beleza do corpo feminino – durante séculos foram mais valorizadas as rechonchudas, nos anos 50 estava em voga uma silhueta magra, nos anos 90 as super modelos, anos 80, as atléticas. Hoje em dia uma silhueta de peso médio e aspecto saudável é o considerado normal. Mas no geral, o que se busca sempre é essa harmonia das proporções. O que se quer é um corpo proporcionado, feminino e harmonioso.
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Campanha pela Beleza Real da Dove – diferentes tipos de corpo, uma beleza |
O estudo dos biótipos permite perceber que nem todos os formatos de corpo são proporcionados mas aprender a vestir de acordo com os biótipos, que é o que faz a consultoria de imagem, é esse o objectivo que tem – alcançar uma figura proporcionada e equilibrada. No geral, um corpo feminino considerado belo tem um equilíbrio entre as ancas e ombros, com cintura definida. Mas a diversidade de corpos é imensa. A boa notícia é que através da roupa qualquer pessoa pode obter uma figura harmoniosa e equilibrada, com que se vai sentir melhor e ao mesmo tempo, passar uma imagem mais agradável para o exterior.
Em jeito de conclusão:
“a beleza está nos olhos do apreciador e o belo varia conforme a sociedade e a cultura de cada época”
Contudo e enquanto consultora de imagem que contacta e lida de perto com muitas mulheres acredito também numa dimensão altamente psicológica no que diz respeito à própria beleza. O nosso olhar sobre nós mesmas por vezes consegue ser mais variável e distorcido que séculos e séculos de história! E a noção de auto-beleza tem uma ligação estreita com a confiança e a auto-estima, pelo que, a roupa certa que proporciona a harmonia de proporções e uma imagem exterior que nos favoreça e nos identifique vai abrir caminho para que nos sintamos bem connosco e nos sintamos bonitas – porque, sem dúvida, a beleza vem dentro.
“Nothing makes a woman more beautiful than the belief that she is beautiful” Sophia Loren
E para vocês, o que é a Beleza?
Para mim a beleza está na personalidade. Isso reflecte-se na pessoa, por muita que ela o esconda ou mascare.
Belo artigo. É por estas e por outras que gosto de vir ao teu cantinho <3
:)*
Olá Cerise Rouge,
Exacto, a verdadeira beleza é ser quem somos. E a cereja no topo do bolo é quando o nosso look se adequa e transmite o nosso melhor EU! 🙂
E obrigada!! 🙂 O cantinho tem andado um pouco parado, por boas razões (muito trabalhinho!), mas prometo que agora que voltou ao activo não pára, com artigos mais didácticos sobre este grande mundo da imagem pessoal. Continua a acompanhar! 😉
Beijinhos
Que texto maravilhoso, Ana!
Gosto muito das teorias, narrativas e crônicas do Umberto Eco. Não conhecia este trabalho dele. Este seu texto, apesar de ter sido publicado antes de eu conhecê-la, vai me ajudar com meu trabalho 🙂
Beijos e sucesso!
Michelle
Obrigada Michelle e de nada!! 😉 Bom trabalho! ***