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Numa palavra, como definirias o teu corpo? Já pensaste nisso? Como é a relação que tens com ele? Espero mesmo que seja daquelas de unha com carne, porque parece-me que vais ter que levar com ele o resto da vida. Dizem por aí.
Eu não quero arriscar com estatísticas que desconheço, mas acho que posso dizer com toda a certeza que a maioria das mulheres, de vocês que estão aí desse lado, não amam de paixão o vosso corpo. Muitas nem pouco mais ou menos. Eu até tenho uma base quase científica que prova isto. Com as clientes de consultoria de imagem é procedimento recorrente perguntar o que mais gostam e o que menos gostam no seu corpo. Ora, pergunto sempre a parte do gostar primeiro, justamente porque é nisso que nos temos que focar sempre e arrisco a dizer que apenas. Naquilo em que somos boas. Nas nossas qualidades. No tanto que de bom temos. Nas lindas caraterísticas e imperfeições únicas do nosso corpo. Mas é mais do que comum que as respostas a esta pergunta sejam escassas, evasivas, às vezes e infelizmente, inexistentes. É triste ver na minha frente mulheres maravilhosas que não conseguem encontrar um único ponto positivo em si quando eu já tinha desbobinado uma série deles num relance. Quase que fico à espera de elas pedirem a ajuda do público para que eu as debite. Na parte dos pontos negativos, às vezes fico com a sensação de estar numa realidade alternativa. Ouço coisas que os meus olhos não conseguem encontrar correspondência na realidade. Os joelhos que são esquisitos, a barriga que não sei quê, o nariz que é assim e as orelhas que são assado. Eu que nem apoio a violência apetece-me começar à estalada e tenho vontade de ter capacidades cirúrgicas através de telepatia para mudar o chip que está totalmente errado naquelas cabeças.
E como é que isto se tornou uma epidemia mundial? Como é que deixámos que nos ensinassem que, odiar o nosso corpo porque não se assemelha com o da menina perfeitamente photoshopada da capa da revista, está certo? Porque é que tem que haver alguma coisa de errado com o corpo em que vivemos? Não tem. Não há nada de errado com o teu corpo exatamente com ele é. Quando lutas contra ele é justamente quando te apetece comer este mundo e o outro que o estômago preenchido atenua a dor. Quando lutas contra ele é justamente quando sentes todo o peso que ele tem e não tem e que te prende ao chão sem que te consigas mover, muitas vezes nem para sair da cama, quanto mais para correr. Quando lutas contra ele é justamente quando já atingiste o peso ideal e mesmo assim continuas a odiar o que vês no espelho.
Por isso, a palavra de ordem é: ACEITAÇÃO. Aceita os joelhos esquisitos, a barriguinha que é não sei quê, o nariz assim e as orelhas assado. Aceita-te, exatamente como és. Sem tirar nem pôr. Eu sei que parece impossível mas e se experimentasses? Mal não há-de fazer. Vais ver que depois será mais fácil não cair no hábito de acabar com o stock de bolachas e que até te vai apetecer fazer uma caminhada ou dançar até cair. Ou não. Não interessa. O que importa é que te ames incondicionalmente, que vejas quão linda és no exterior e no interior, apesar do que as revistas e quem quer que seja, digam.
A este propósito conheçam o Body Image Movement e o projeto de crowdfunding que a mentora, Taryn Brumfitt, está a dinamizar para que consiga realizar um documentário sobre a sua história e o tema da imagem corporal. O objetivo é fazer com que as mulheres à volta do globo amem de paixão os corpos que habitam. Irá chamar-se Embrace e podem ver aqui o vídeo da campanha e contribuir, se quiserem. E o filme já está disponível no Netfilx.
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