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Que falta de imaginação este título todo a rimar mas o que interessa é que fique no ouvido. Procrastinação é um palavrão (estou em rimação crónica, peço desculpa) que se assemelha a uma doença e da qual quase toda a gente padece. É aquele hábito de continuamente adiar tarefas ou resoluções até ao máximo possível, que bem pode ser… até sempre!
Podem ser o facto de serem projetos grandes e difíceis que só de pensar já dá volta na barriga, pode ser o medo do fracasso a atrapalhar ou até mesmo o medo do sucesso. Sim, isto existe e um dia ainda aqui falo do fenómeno. Podem ser só aquelas tarefas chatas que não nos apetece nadinha de nada fazer apesar de não haver alternativa. Cada um de nós procrastina por diferentes razões e sobre diferentes questões e, na maioria das vezes, um procrastinador é visto como um grande preguiçoso, o que pode ser injusto, já que os dois conceitos nem estão relacionados. Aliás, tenho ali um livrinho que parece ser bem giro sobre o tema da procrastinação, a apontar grandes benefícios, mas que, curiosamente, tenho andado a adiar a leitura. Aahh, a ironia da vida é daquelas coisas que me maravilha sempre.
Adiante, há realmente benefícios, pois aquilo sobre que procrastinamos é informação valiosa que temos sobre nós e sobre o que nos assusta e sobre o que nos é importante ou não. Tudo é útil para o auto-conhecimento. No entanto, esta tendência para adiar as coisas que eventualmente temos e queremos fazer pode causar-nos grande frustração e sentimentos de culpa.
Como ensino no módulo de Objetivos e Hábitos do curso COACH YOURSELF, a força de vontade que tanta gente invoca, é limitada, ou seja, não é boa ideia fiarmo-nos na nossa força de vontade para realizarmos o que seja, mesmo aquilo que nos apaixona. Ela é escassa e já a esgotamos em muitas das tarefas que temos que realizar ao longo do dia. E é justamente nas coisas que mais nos tocam ao coração e que nos são importantes que acabamos por procrastinar mais… aquele projeto pessoal que têm na gaveta? A ideia para escrever aquele livro? Estudar para aquele exame importante? Se nos faria tão felizes cumprir estes objetivos por que raios os adiamos continuamente? É o medo do fracasso, esse malvado de que já vos falei, que vem atrapalhar. Ninguém adora falhar e a possibilidade de errar redondamente na concretização de um grande sonho, muitas vezes, supera as alegrias da possibilidade de o concretizar.
Para quem o medo de falhar é tão forte, o foco nos benefícios e ganhos da concretização de um objetivo pode não ser bastante nem funcionar como combustível suficiente para agir. Ter um corpo fantástico no biquíni deste ano se me exercitar regularmente e comer de forma saudável pode não ser motivação suficiente face ao risco de não conseguir cumprir aquilo a que me propus e, mais uma vez, sentir-me uma falhada total. A ansiedade e a dúvida nas próprias competências para cumprir o definido levam, regularmente, a auto-sabotagem ou à inacção total.
A alternativa pode ser adoptar a motivação de prevenção que se alimenta, justamente, das dúvidas e dos pensamentos negativos. Não sou adepta do pensamento negativo, aliás, aqui falo mais é do contrário, nos enormes benefícios do pensamento positivo, mas até que uma mente negativa pode ser bem aproveitada. Nesta perspetiva, preventivamente, realizar o objetivo pode ser uma forma de manter o que já se conquistou e evitar um prejuízo. Portanto, exercitar-se regularmente é uma forma de não aumentar mais o peso e não se desleixar. Entregar aquele trabalho a tempo e horas é uma forma de evitar levar na cabeça do chefe. O pensamento do que pode correr mal pode ser aproveitado, assim, para motivar a ação. Para evitar perigos e prejuízos, o melhor mesmo é agir. A preocupação excessiva, que pode ser tão nefasta, funcionará também como aquela motivação extra de que precisam para se porem a mexer!
Eu própria sou mais deste tipo – preocupação e overthinking constante é comigo e o medo de falhar está sempre presente e, até descobrir este conceito, sem consciência, sempre pus a motivação de prevenção em prática, por exemplo, relativamente ao meu trabalho. Adoro o que faço e consegui lançar e desenvolver este meu projeto próprio da maneira que quero mas, ao mesmo tempo, duvido constantemente e estou sempre a pensar que pode não dar certo, não ter clientes, não chegar às pessoas, elas não gostarem e tudo o que a minha cabeça criativa conseguir inventar de problemas. Mas, por mais dúvidas e medos que tenha, sempre consegui agir de alguma forma porque a alternativa, o prejuízo, é ter que arranjar um ‘trabalho normal’ para me sustentar e voltar a ter chefes e horários e tudo isso. Hell no!! Basta ter isso em mente que qualquer inércia procrastinante alimentada pelos meus medos imaginários tem que ser ultrapassada porque quero muito ser bem sucedida, fazer um bom trabalho, realizar os projetos que tenho em mente (e no papel), mas a visão de um hipotético chefe é um pontapé no rabo bem mais potente que qualquer cenoura reluzente.
Isto pode não parecer um bom conselho mas, se também têm uma mente naturalmente mais negativa, aproveitem-na e dediquem-se à reflexão de todas as consequências negativas de não fazerem nada e continuarem a procrastinar. A visão pode ser um inferno e bem assustadora e se assim for, estão no bom caminho, pois se até agora o paraíso não foi atração suficiente, pode bem ser que o tridente de Lúcifer seja o espicaçar que vos está a faltar! 😉
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