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O título do post parece um bocado esquizofrénico, certo? Tenham fé em mim, gente, faz todo o sentido! Sim, a kizomba permite tirar grandes lições de vida e é o mote perfeito para vos passar esta bonita mensagem da imagem.
Há uns tempos, comecei, com uma amiga, a ter aulas de kizomba. Gosto muito de dançar e de experimentar coisas novas, então, ‘bora lá! Ora, a kizomba é, como devem saber, uma dança muito íntima e como a aula se baseava nas meninas a rodarem por todos os homens presentes, havia intimidade com imensa gente. Mas tudo com respeito, não pensem cá coisas. Portanto, tendo em conta que não conhecíamos as pessoas com quem dançávamos, era, sem dúvida, uma situação perfeita de sair fora da zona de conforto. E fiquei contente de ver que tanta mulher e homem se colocam nessa situação – só faz é bem. Uma outra informação importante que têm que reter acerca da kizomba – este género de música e estilo de dança originário de Angola é assim um bocadinho para o machista! Como muitos estilos de dança de pares, julgo eu, o homem aqui é que manda e comanda. E como a maioria das mulheres que é totalmente control freak (admitam, ladies!), ora que acabava sempre por acontecer as meninas da kizomba quererem antecipar e controlar os passitos de dança. Na maioria dos casos, isso dava mau resultado e lá ouvíamos nas orelhas do professor que nos dizia que lá fora podíamos mandar o que quiséssemos mas que ali dentro quem mandavam eram os senhores. Isto só me desceu bem no goto sem começar logo a refilar com comentários destes a roçar a misoginia, porque o tom foi de brincadeira.
Mas a fórmula para ser uma grande dançarina de kizomba ficou-me – tinha que deixar os homens controlar e, basicamente, confiar neles e seguir as suas indicações. Eu própria me considero bastante freak do controlo, sou muito independente e tenho sérios problemas em seguir ordens e regras, por isso, abanar o rabo (kizomba tem muito disto) à mercê do que outra pessoa queria não me estava propriamente no sangue. Mas decidi aceitar e experimentar. Concentrava-me na música e nos movimentos do meu parceiro, seguia apenas as indicações de braço dele e lá ia eu. E quando conseguia fazer isto, corria bem e já me estava a ver num próximo Achas Que Sabes Dançar. Quando não confiava no kizombeiro com quem dançava e tentava antecipar os passos, dava tudo errado. Para o meu lado, que acabava, muitas vezes, pisada.
Pois que é muito engraçado e libertador perceber, na prática, de que não podemos mesmo controlar tudo e que não o fazer, confiar e deixar-mo-nos ir, pode ter ótimos resultados e boas surpresas. Melhor – o mundo não acaba. Quem diria, hein?! A tendência para tentarmos controlar tudo e todos pode dar a sensação de segurança, mas esta é apenas uma ilusão. Grande parte das coisas, o futuro, não está nas nossas mãos. Quando achamos que podemos controlar tudo só nos arriscamos a perder muita diversão e a vida passar-nos ao lado. Há que perceber o que depende de nós e fazer o que estiver ao nosso alcance para atingir os nossos objetivos. Mas deixar espaço para a vida nos levar, aceitar o que não podemos controlar, confiar que tudo há-de correr bem e ganhar, com isto, uma maior liberdade e flexibilidade. Acreditem, é mesmo libertador. E tudo corre bem. Na dança e na vida.
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Cliquem para assistirem a uma kizomba bem dançada e ‘descontrolada’! 😉 |

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