O perfeccionismo é dos piores flagelos que há! Pode parecer que estou a exagerar, mas não estou. O perfeccionismo é muitas vezes considerado um defeito quando as pessoas reconhecem que a atenção ao detalhe exageradamente pode atrasar projectos ou chegar a que nem se iniciem empreitadas porque todas as condições supostamente perfeitas não estão reunidas. Mas é um falso defeito. É daquelas coisas que tendemos a dizer sobre nós quando surge essa questão porque a ideia geral é de que não é dos piores defeitos para se ter – ‘ah, ela é uma perfeccionista – gosta que corra tudo da melhor maneira e esforça-se por isso’. Não digo que não seja uma ideia correta a ter dos perfeccionistas, mas as limitações que acarreta esta característica talvez não compensem o lado bom.
Quando pretendemos ser perfeitas – em tudo o que fazemos e somos – estamos automaticamente a pôr-nos a jeito da frustração e da desilusão. Simplesmente, porque a perfeição não existe. É impossível. E eu vou continuar a repetir isto para que me entre na cabeça. 🙂 A perfeição não existe! Haverá sempre imprevistos num plano traçado, uma tarefa que demora mais tempo que o esperado, alguém que se atrasa. Por muito exercício que façamos e sigamos a mais rigorosa dieta, a probabilidade de ter o corpo ideal é mínima porque mesmo que lá cheguemos vamos encontrar alguma coisa que não gostemos – o lóbulo da orelha talvez continue muito gordo.
Não há mal nenhum em fazer planos e traçar objetivos, em querer mudar algumas coisas na nossa personalidade ou no nosso corpo, se acharmos que será em nosso benefício. Temos é que fazer planos realistas e ter em conta que haverá sempre os tais imprevistos e contratempos e saber lidar com eles. Ou aceitar, primeiro que tudo, aquilo que não podemos mudar ou aceitar simplesmente o nosso corpo como é, as gordurinhas laterais, o facto de sermos preguiçosas, de não sermos disciplinadas, etc. Quem disse que isto são coisas más? Depende sempre da perpectiva!
E aceitar de igual forma a frustração de quando as coisas não correm como planeado. Porque se tivermos consciência de que nada é perfeito, que não somos perfeitas mas sim pessoas reais, não há razão para a frustração. Se aceitarmos isso conseguimos lidar melhor com a situação. Há um percalço e como o aceitamos conseguimos focar-nos na solução e na forma de o solucionar. Quando esperamos que tudo corra na perfeição vemos um imprevisto como um ataque pessoal e paralisamos Achamos que, de uma forma mágica, tudo foi estragado e não é possível continuar.
Como por exemplo, estamos a fazer dieta, decidimos que os chocolates estão fora do menu por uns tempos e acontece cedermos à tentação com um quadradinho da tablete. A reacção normal seria perceber que apesar de não estar contemplado na dieta, um quadrado de chocolate não fará grande mal ou então aplicamo-nos mais no ginásio. A perfeccionista sente que falhou redondamente e acha que já nem vale a pena continuar a dieta e então vinga-se na tablete inteira, porque perdido por cem, perdido por mil. Engraçado, é que a perfeccionista acaba por sabotar totalmente as suas investidas, ao reagir desta forma. Ou então nem começa nada a não ser que as condições ideais estejam completamente reunidas, o que gera um constante adiamento de tudo.
A todas as perfeccionistas aí desse lado faço então este apelo: deixem-se disso! 🙂 Aceitem-se como pessoas reais que são, com grandes qualidades e falhas. Vivam o momento e avancem. Não esperem pelo momento certo porque ele provavelmente não irá chegar. Se querem fazer, façam. Se querem ser felizes, sejam. O que vos impede? O que podem fazer já que estivessem a adiar esperando a altura ou as condições perfeitas? 🙂
ufff, a quem o dizes. Já não faço esse discurso diariamente para comigo mesma porque felizmente já ando a acalmar e a perceber que não chego a todo o lado nem dou para tudo. Aceito as falhas, os tropeções no caminho, os erros… Mas custa, ó se custa. E há dias em que todas as defesas baixam e a frustração de não conseguir atingir os objectivos tal e qual como imaginei toma conta.
Eu sou uma perfeccionista em cura constante. Cada vez há dias melhores. E há coisas tão perfeitas nas nossas imperfeições! 🙂
Mas é mesmo, é um trabalho para toda a vida quase…mas apercebermo-nos da nossa tendência para o perfeccionisnmo já é um importante passo para a cura! :)E perceber, justamente, a beleza que há nos nossos defeitos e imperfeições, nas falhas, é o melhor. Aceitar resolve muita coisa e retira imensa frustração! Keep the good work! 😀 ***