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Já ouviram falar no Comer Intuitivo? Não? Então, estão no sítio certo. É um conceito que vai totalmente contra a ideia de fazer dieta e que pode bem ser a solução aos nossos problemas tão femininos com a comida. Posso dizer que alguns dos objetivos ou problemas que as minhas clientes, em coaching, querem alcançar e solucionar são relacionados com a imagem corporal, a perda de peso, a própria relação com a comida. E todas elas já tentaram planos de dieta variados sem, claramente, chegarem ao que pretendem. Muitas acabam por ter alguns comportamentos de compulsão (agravado pelas dietas) e, no geral, a frustração é muita assim como a perda de auto-confiança. Identificam-se?
Pois, como a nossa relação com a comida não é puramente utilitária, as emoções estão muito à mistura, como já falei aqui, assim como a nossa mente racional e todas as crenças que fomos criando sobre a comida interferem, o resultado é ficarmos completamente obcecadas com o ato de comer – seja o que for. Principalmente nos dias que correm em que a comida está muito na moda. Basta vermos todos os canais e concursos de culinária que existem, os blogs e contas de instagram dedicados à vida saudável e exercício, as imensas notícias diárias sobre super-alimentos novos e o que não podemos mesmo comer se queremos viver até aos 100 anos com listas de regras a mudarem de dia para dia, senão dentro das mesmas 24h. As indicações dos nutricionistas estão sempre a mudar, as dietas da moda crescem em número a uma velocidade vertiginosa e todas se contradizem levando a um pequeno curto circuito mental a quem ousar tentar manter-se atualizado sobre as novidades da nutrição. Dica: não façam isso.
A nova corrente do comer intuitivo, e com nutricionistas já a agirem de acordo com uma nutrição comportamental, o que diz é que as dietas não resolvem nada, aliás, só prejudicam. Entenda-se dieta por qualquer tipo de restrição que se faça com o objetivo de perder peso que não siga os sinais internos do corpo de apetite e saciedade. Esta premissa entende que as dietas levam à compulsão alimentar, a comer de forma emocional ou quando não temos fome. Ou seja, leva-nos a comer segundo regras e não ouvindo o nosso corpo. Mesmo quem adora seguir regras e planos pode sentir-se culpada se as circunstâncias ou as emoções as levam a sair do plano estabelecido. E se pensarem bem, quando é que alguma vez uma dieta resolveu o vosso problema de peso de forma permanente? Pois.
As dietas podem contemplar 3 tipo de restrição alimentar. A restrição quantitativa, quando reduzem a quantidade de comida, logo, reduzem a ingestão de calorias de modo a criar um deficit calórico. Ou seja, comem menos do que necessitam e passar fominha é uma consequência. Têm também a restrição qualitativa, em que até podem comer as quantidades adequadas mas só dos alimentos ‘certos’ nunca se permitindo comer os alimentos ‘proibidos’. A questão é que dentro dos alimentos proibidos ou ‘maus’ podem estar coisas de que gostam, o que potencialmente poderá levar à compulsão assim que os apanham à vossa frente com pouca força de vontade à mistura. E, por último, temos a restrição cognitiva, que é quando até comemos a fatia de pizza que tanto queríamos ou aquela filinha de chocolate mas com a sensação de que estamos a cometer o maior pecado à face da terra. A regra foi quebrada, logo, os sentimentos de culpa emergem e entramos no modo 8 ou 80 – já que comi um pouco melhor comer logo a tablete inteira! Um clássico, portanto. Logo, nenhuma das 3 restrições associadas a dietas nos fará atingir o nosso objetivo, na ‘melhor’ das hipóteses só nos deixa mais longe dele e a sentirmo-nos miseravelmente.
Qual é a solução? Ouvirem a vossa intuição. Escutarem o que o vosso corpo vos diz. A questão das dietas é que não têm em conta aquilo que funciona especificamente para vocês. O alimento mais saudável do mundo pode não ser compatível convosco apesar de ser a última sensação nutricional que evita as visitas ao médico. Comerem de forma intuitiva dá-vos total permissão para comer. Isso mesmo: total. Não há alimentos proibidos nem maléficos. Podem pensar que é a maior maravilha mas também assusta imenso. Porque aqui têm bem mais variáveis a ter em conta que seguir uma lista de uma dieta. A ideia é que tendo total permissão para comer, a tendência seja enfiarmos a cabeça em hambúrgueres, pizzas, batatas fritas – do pequeno-almoço ao jantar. Talvez no início seja assim, mas isso é devido às nossas ideias de restrição que ainda temos na cabeça. Posteriormente, quando realmente percebemos que as pizzas não vão a lado nenhum, já não precisamos de comê-la como se não houvesse amanhã. Também há um exercício giro que se faz, principalmente para quem tem compulsão, que é só comer a nossa comida preferida e aquela que nos privamos em dieta, seja em que altura for, respeitando apenas a ideia de que apenas a podemos comer quando tivermos fome. Imaginem comer o vosso prato preferido e ‘proibido’ (daqueles bem calóricos e reconfortantes) durante uma semana. Asseguro-vos que no final já não a anseiam assim com tanta força. Passou a ser normal e não um passe direto para o inferno.
- Comam quando tiverem fome;
- Comam os alimentos que o corpo vos pede;
- Saboreiem cada pedacinho;
- Parem de comer assim que estiverem satisfeitas;
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Não é assim tão simplista mas a ideia é esta. E há imensa informação sobre o assunto na internet. Se quiserem saber mais sobre o tema, recomendo-vos acompanhar a coach Isabel Foxen Duke, que assistam a esta TED talk da neurocientista Sandra Aamodt – Why dieting doesn’t usually work – e que acompanhem o Anti-Diet Project, uma série de artigos muitos interessantes sobre Intuitive Eating. Aqui podem perceber como funciona e aqui desmistificar alguns mitos que se criam à volta da ideia de ouvir a intuição na altura de comer. Não é pêra doce (olha a metáfora culinária super apropriada) porque é justamente um processo de auto-conhecimento e de lidar com as nossas emoções, crenças e todos os medos que fomos criando à volta da comida. E o objetivo não pode ser a perda de peso – tem que ser ter uma relação saudável e feliz com o ato de comer e com o nosso próprio corpo. Sem restrições, só com abundância de aceitação, liberdade e amor-próprio. Não vale a pena viver de outra forma.
E não custa tentar, certo? Experimentem largar as dietas, ouvirem o vosso corpo, respeitarem-se e recuperarem a vossa relação serena com a comida.
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