Porque é que raio nunca mais chego lá e posso deixar de querer emagrecer??
Este seguimento do título e a frase aqui em cima faz-te sentido? Porque analisando o texto em si – zero nexo, certo? Quem é que anda há tanto tempo a querer atingir algo e nunca mais chega lá para deixar de querer a coisa porque finalmente atingiu a coisa?? Mas eu sei que tu certamente sabes bem o que isto quer dizer. Tu provavelmente andas há tanto ou mais tempo que eu a tentar emagrecer e a nunca chegar lá ou a engordar a tentar chegar lá ou a nunca ficar satisfeita mesmo chegando lá. Há quantas passagens de ano, “finalmente emagrecer e ter o meu corpo de sonho”, faz parte dos teus desejos a comer passas à meia-noite? Pois. Fodido. Esta é uma situação que merece um fodido, lamento a linguagem, mas isto do corpo e do peso e da comida (e da cabeça, acima de tudo) é efetivamente muito fodido e tu também sabes o quão fodido é. Começamos este Substack com 4, agora 5, fodidos – estamos no bom caminho, fica comigo.
Quero iniciar esta newsletter, cujo objetivo é falar da nossa relação com a comida, o corpo e connosco mesmas, a resumir a minha história e missão nestes temas (aqui na página sobre tens mais sobre mim, intenções e o meu percurso profissional).
Nós que crescemos nos anos 90 e 2000 sofremos, mais ou menos, os efeitos da cultura da magreza da época e, entre outros fatores, essa cultura influenciou bastante a minha relação conturbada com o corpo e a comida. E em 2025 voltamos, noutros moldes, a viver numa cultura de apelo à magreza extrema, então, neste full circle, a altura é perfeita para a minha decisão de enveredar por este nicho.

Começa sempre com uma dieta
Nasci em 1986. Criança alta, sempre comi bem, de tudo, e sempre tive um peso e ar considerados saudáveis. Mas comecei a fazer dietas restritivas aos 12 ou 13 anos. Desde essa altura, lembro-me de querer emagrecer. Os possíveis porquês discutirei depois. Aos 16 anos, depois de já anos de restrição e num contexto emocional difícil, a compulsão alimentar entrou na minha vida – e ficou.
Aos quase 30, ainda com peso considerado “normal” apesar de mais de 15 anos em luta com a comida, a compulsão intensificou-se. O meu maior medo tornou-se real: comecei a engordar. Bastante. Veio a culpa, a vergonha e a luta diária para controlar o que parecia incontrolável. Passei quase toda esta década dos 30 entre perdas de peso (à custa de maus métodos) e ganhos ainda maiores do que antes.
Ao mesmo tempo, lia e estudava tudo: comportamento alimentar, imagem corporal, nutrição (sinto que já sou nutricionista sem diploma desde os 13 anos), alimentação intuitiva, body positivity & neutrality, exercício, gestão emocional, hábitos… Sempre com a ideia de que tinha de resolver isto sozinha.
Até que percebi que não é assim. Que pedir ajuda não é fracasso, que não tenho que conseguir resolver tudo sozinha. Que a obesidade (no meu peso máximo cheguei ao grau I de Obesidade), o peso e a relação com a comida não são uma questão de caráter, mas de saúde, identidade e contexto. Que um olhar e ajuda de fora, aliados a todo o conhecimento que acumulei e apreendi, mudam tudo.
E aqui é importante dizer: não vou entrar em demasiados detalhes técnicos de planos, métodos ou profissionais por privacidade e porque cada processo é pessoal. O que funciona para mim pode não funcionar para ti. Não acredito no “se eu consegui assim, tu também consegues”. Isso é mentira. O que acredito é em caminhos diferentes para pessoas diferentes. O que acredito que é universal é isto: sem mudar a forma como pensamos, sentimos e nos relacionamos com o corpo e a comida, nada resulta.
Foi isso que mudou em mim. Não o plano em si, mas o acompanhamento, o trabalho comportamental e emocional (aquele a que também me proponho fazer contigo). A forma como vejo a comida e como a uso. A forma como aprendo a olhar para o meu corpo com mais compaixão (mesmo nos dias em que ainda não consigo). E neste âmbito, ao longo de todas as fases, saber vestir o corpo e o meu caminho profissional na consultoria de imagem foi bastante útil e terapêutico até. Também não foi uma decisão inocente já que acabei e acabo por lidar com imensas mulheres com as mesmas questões na sua imagem corporal que se revelam na construção do seu estilo pessoal.
Hoje não vivo numa bolha de aceitação perfeita. Ela não existe. Voltei ao peso e corpo em que me reconheço mais mas continuo a ter dias maus (a compulsão é uma relação a domar para a vida e um peso “normal” e corpo normativo não são sinónimo de ausência de problemas de autoimagem, aliás, foi nesse lugar que comecei a achar que tudo estava errado, justamente). Mas, hoje em dia, conseguindo ter um olhar menos crítico, vivo muito mais leve – sem terrorismo nutricional, sem dietas extremas, sem regras impossíveis e sem culpa. Com mais consciência, mais escolhas livres, menos luta.
Declaração de Intenção Sem Tretas
E é isso que quero partilhar contigo aqui: não fórmulas mágicas, mas caminhos reais. Não tanto o que faço no prato ou na passadeira, mas o que se passa dentro da minha cabeça que comanda a forma como me sinto dentro do meu corpo e como lido com o que se passa dentro do meu prato. Para que possa ser uma ajuda a entenderes também o que se passa dentro da tua cabeça.
Vou escrever sobre a minha história, sobre os meus processos mentais, os gatilhos da compulsão, as armadilhas da cultura da dieta e da magreza, erros, aprendizagens e mudanças de mentalidade que fizeram (e fazem) a diferença – por dentro e por fora – e também sobre teorias e práticas que te podem ajudar a reencontrar paz contigo – avalia se para ti se aplicam e fazem sentido, não sigas “dietas” generalistas à toa.
Não estás sozinha. Se também te sentes perdida entre dietas, pesos e expectativas, este espaço é para ti. Para quem acredita que não devia ser assim tão difícil.
Aqui vamos falar da relação com o corpo, comida e autoimagem – com clareza, realismo e sem tretas. Se te identificas, fica por aqui. Se te apetecer e te sentires confortável, partilha também comigo a tua história. E se precisares de ajuda real e personalizada, estou aqui para ti – é só enviares mensagem.
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Nos próximos posts (que tentarei que sejam semanais), vou trazer episódios da minha história mais em detalhe, reflexões sobre cultura de dieta e imagem corporal, opiniões sobre temas do momento, sugestões de leitura, filmes e ferramentas práticas do meu trabalho de coaching e de estilo para te ajudar a ganhar clareza e confiança no teu processo. Seja mais uma tentativa de emagrecimento ou finalmente a derradeira conclusão de que podes deixar de querer emagrecer. O bom que isso seria, hein!?
Este é o recomeço. Bem-vinda ao Dentro da Minha Cabeça, do Meu Corpo e do Meu Prato.

A tua lambona (com orgulho, sem compulsão) preferida,
Anita
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Pingback: Como é que se emagrece? Qual é o segredo? - ANITA SILVESTRE
[…] há um segredo no emagrecimento alheio que elas não conhecem ou têm acesso. Eu já achei isso. Eu própria passei 25 anos a querer emagrecer sem conseguir manter, sempre voltava a ganhar o peso q…. Então quem conseguia devia ter um segredo que eu desconhecia, certo? Tu também já tentaste […]