Diz-se que a única constante é a mudança e não me parece que haja frase mais realista. Interiorizar esta verdade faria maravilhas pelas tantas de nós que não gostam assim tanto de mudanças e que ainda se revoltam com muitas delas como se a vida fosse uma mal-educada por não respeitar as nossas vontades ou, simplesmente, não tivesse recebido o memorando com as indicações de como devia operar. Pois que acabamos por não ter grande controle em muitas das mudanças que acontecem, inclusive, na nossa casa corporal – por razões diversas, ou simplesmente pela inevitabilidade do tempo, o nosso corpo sofre bastantes transformações ao longo da vida.
Devem ser raros os casos de mulheres que mantém o mesmo peso a vida toda. Começando na adolescência e as respetivas mutações corporais, passando por gravidezes, depois a menopausa, doenças, estados de ansiedade ou devido até a transtornos alimentares, do muito que depende de nós para controlarmos a forma do nosso corpo e os tamanhos que vestimos também há muitas mais variáveis que existem fora do nosso controlo e que também descontrolam o nosso peso e respetivo guarda-roupa. E, sim, sabemos que a imagem corporal e o peso são uma pressão e uma luta feminina desde sempre, muito devido à pressão exagerada na imagem, então a aceitação tem que andar aqui de mãos dadas com o amor-próprio e os cuidados pessoais para sabermos lidar com as mudanças e as nossas questões corporais com amor em vez de ódio.
Pode ser muito difícil ver e saber lidar, emocionalmente e na prática, com novas formas e novos tamanhos de roupa quando antes a realidade era diferente. Já aqui tinha escrito sobre como vestir um corpo que não reconhecemos ou aceitamos. Eu própria já ganhei, ao longo dos últimos 5 anos, 15 quilos e mesmo sendo consultora de imagem e sabendo vestir qualquer silhueta – que ajudou bastante no processo – foi bastante complicado lidar com esta mudança sem cair na auto-recriminação, nos sentimentos de culpa, na vergonha, no medo de comentários alheios, nas consequências físicas com mais cansaço e dores nas costas, na aversão aos espelhos e na luta também com o orçamento porque a vontade de comprar roupa em tamanhos maiores era pouca, um pouco como aceitar derrota, mas inevitável, que a que tinha já não me servia, para além de ter espaço ocupado com peças que não estava usar que, já me conhecendo, sabem que sou mais do que adepta de armários pouco cheios e funcionais. Qual o resultado disto tudo?? Fominha emocional, claro está, e vai de tratar as frustrações com o peso comendo tudo o que havia no armário que era só o melhor remédio para piorar o problema! É aquela pescadinha de rabo na boca tramada mas, neste caso, uma pescadinha de chocolate e batatas fritas – é que se ainda fosse das normais o mal não tinha sido tão grande! Ora, esta questão emocional e de hábitos fui resolvendo com o Coaching, que pratico o que prego e acredito mesmo nesta metodologia que aplico e, entretanto, neste último ano, já perdi os tais dos 15 quilos, voltei ao meu peso habitual e recuperei a roupa antiga que esteve refém à espera de ser resgatada e foi como realmente fazer compras no armário, a sensação de não ter aquele investimento perdido é ótima, principalmente para uma forreta profissional, para além do peso físico e emocional que também aprendi a perder e os novos hábitos que ganhei – mas sobre este meu processo de ganho e perda de peso conto falar aqui mais para a frente que ainda não está terminado mas sei que é algo por que muitas de vocês também passam e uma luta difícil. #tamojuntas!
Hoje, o post é sobre como gerir o vestir e o guarda-roupa de forma simplificada e poupada nestes casos de mudanças corporais, que eu própria passei e estou a passar por isso, e porque também é muito nestas alturas que muitas das minhas clientes de consultoria de imagem me procuram – num pós-parto em que não sabem como vestir o corpo novo, já muitos anos no pós pós-parto quando um novo corpo se instalou e essa realização só veio passado bastante tempo, em processos de perda de peso também e no intuito de saber reconhecer um novo corpo nunca antes visto e muitas outras situações que implicaram estas mudanças corporais e, consequentemente, no estilo. Porque se não estamos em sintonia com a base que temos que vestir a maior probabilidade é não nos identificarmos também com as peças mais úteis para a adornar nem sabermos que estilo nos representa até porque não nos sentimos representadas pelo corpo que temos naquele momento. Cria-se uma confusão no nosso armário, problemas de desapego e de compras, de saber o que vestir e temos, então, que encontrar uma estratégia para lidar com esta mudança de forma a tirarmos o maior partido dela porque a vida continua e convém que continue boa e com estilo e muito amor-próprio!
Temos, assim, que olhar para dentro para estarmos bem por fora e que isso se reflita naquilo que vestimos. Passo a dar-vos, então, algumas etapas e soluções para abordarem da melhor forma as mudanças no vosso peso e corpo de forma a saberem como vestir e encarar o vosso guarda-roupa nestas ocasiões:
Avaliar a situação e definir objetivos
A situação é a de que têm pouca ou muita coisa no vosso armário que não vos serve neste momento. Há quanto tempo a situação se arrasta? Têm peças que vos servem? Tiveram que comprar? Acabaram por comprar qualquer coisa apenas para cobrir o corpo? O que querem é voltar ao peso anterior e que a roupa que têm vos sirva? É exequível a perda de peso? Então, geralmente, o que digo sempre e o que recomendo é que temos que vestir o corpo que temos no momento. Mas e como aliar o orçamento com as tais das mudanças de que vos falei? Se o vosso plano é perder peso e estão a fazer por isso vale a pena ir comprar um guarda-roupa inteiro novo para o peso atual? Talvez não, nem é inteligente porque se antecipam mudanças de tamanhos. O que pode acontecer é que até queremos perder peso e dizemos que só compramos roupa com que realmente nos identifiquemos quando isso acontecer e entretanto passam-se anos! Been there, done that! Portanto, temos que ser realistas nesta fase de avaliação até porque apostar no nosso estilo e em sabermos estar bem com o nosso corpo, mesmo com um tamanho que não aceitamos bem, pode ajudar até no objetivo de perder peso, de cuidarmos melhor de nós, porque aprendemos a gostar de como somos assim mesmo e o amor é sempre melhor motivação do que o ódio. Podem até estar num momento na vida que focar em fazer dieta ou o que for necessário para perder peso não é simplesmente viável e, por isso, o trabalho de aceitação e conhecimento corporal é sempre útil e, aqui, apostar em colocar de lado a roupa que não serve e definir que tipo de peças mais favorecem, a lista de peças a comprar num estilo que vos represente e compor o vosso novo armário para vestir bem o vosso novo corpo é uma ótima solução. E sem precisar de gastar muito até porque, em qualquer situação, vivem bem com um guarda-roupa contido, com poucas peças mas versáteis que possibilitem muitos conjuntos. Contudo, se o objetivo é voltarem ao vosso antigo tamanho e estão a apostar em mudança de hábitos e soluções que vos levem nesse sentido, como gerir o processo com a roupa até chegarem ao objectivo?
O que comprar, o que manter, o que guardar, o que retirar
Claramente, precisam de peças que vos sirvam agora mas também podem ser apenas poucas e mais em conta, já que serão peças que vos deixarão de servir em breve ou apostarem nas que se possam adaptar. Foi isso que fiz, eu queria voltar ao peso antigo, então, à medida que ia engordando e a roupa que usava me deixava de servir precisava de comprar alguma coisa que me servisse e como uso mais sais e vestidos, recorri também a eles e muitos ainda uso, estão só mais larguinhos mas não num ponto de assentarem terrivelmente, então, escapam! 😉 Aqui os vestidos também foram a minha manta de conforto porque ao ganhar peso ganham-se celulites várias nos braços e até nos joelhos, como devem saber, se não sabem aqui ficam com o spoiler caso estejam a pensar engordar, e vestidos mais curtos ou sem mangas que tinha também não gostava de os ver, assim, recorri a comprimentos mais longos e sempre com manguinha e com cortes e tecidos que acomodavam melhor as novas curvas que é a forma como saberem vestir o vosso corpo ajuda quando não se sentem tão confortável nele. É este conhecimento de materiais e formatos que vos permite estarem bem e giras disfarçando uma barriguinha que até possa ter ficado da gravidez e qualquer outra parte do corpo nova e saberem favorecer a vossa silhueta em qualquer peso. Como dizia aqui, é mesmo uma questão de silhueta e não de tamanho.
Casacos são o mais chato porque são peças mais caras e nota-se mais que ficam grandes porque os ombros não assentam tão bem nem dão para arranjar, então, no meu caso, precisava de um sobretudo de inverno e intencionalmente recorri à Primark e até comprei dois bem giros e baratos mas que claramente não são de grande qualidade. Neste momento ainda os uso, estão-me largos mas também escapam com um ar oversized (depois a vossa forma de encarar a roupa também ajuda à sua manutenção :D) e como estão a ficar com um ar mais gasto talvez aguentem ainda um inverno e pronto. Como foram baratos acaba por não me custar tanto desapegar. Aqui é a tal da questão de avaliarem o que precisam de usar para sair à rua e que tipo de investimento vale a pena tendo em conta a longevidade prevista e apostarem apenas no essencial, no que vos faz sentido usar e gastar.
E a roupa que não vos serve de momento e está apenas a ocupar espaço no armário? O que fiz foi retirar e levar para o meu quarto na casa da minha mãe e mantive a roupa lá sob custódia até me voltar a servir. Até porque ter à vista peças que não vos servem pode só ajudar à culpa e auto-recriminação. Então, recomendo que retirem e guardem num local fora da vista, numa arrecadação, por exemplo. E se estão a perder peso podem depois recuperá-la, se não acontecer, dêem um prazo – 1 ou 2 anos para re-avaliar, verem se volta a servir e fazer sentido, senão, então estará na altura de ir embora de vez e fazer outra pessoa feliz. Eu dei esse prazo à minha e como voltei a ao meu antigo peso voltei a buscar e vestir de novo mas senão, nesta altura, estaria nessa fase de ter que re-avaliar e deixá-la ir.
Gerir diferentes tamanhos e compras ao longo do processo de perda e ganho de peso
Se a perda de peso não for muito grande talvez oscilem apenas entre dois tamanhos e, mais larguinha e não excessivamente grande que não assente bem, a roupa ate pode persistir. Se até foram ganhando e perdendo muito peso é normal terem vários tamanhos no armário e se têm tendência a oscilar de peso com frequência precisam de recorrer a vários tamanhos. Mas se estão num processo descendente, de forma saudável e com o objetivo de manter proporcionado por novos hábitos, com as peças que se adaptam (também tenho umas saias de elástico na cintura que são um tamanho mais do que o meu atual mas ainda consigo usar, por exemplo) conseguem ir tendo um guarda-roupa adaptável a vários tamanhos e só comprarem, então, peças de corte justo ao vosso corpo quando atingirem o vosso peso ideal ou se precisarem mesmo para alguma situação específica. No caso de quem use bastante calças ou seja mesmo necessário terão que ter para os vários tamanhos, pois facilmente se nota a diferença na cintura e na forma como vos assentam, se estiverem grandes ou apertadas.
E a roupa que vos for deixando de servir por ficar grande, o que fazem com ela? Podemos voltar a engordar e será útil, certo? Bom, como ao contrário com a roupa que estava pequena recomendei guardar noutro local, neste caso de roupa grande demais é o mesmo, inclusive roupa específica de grávida se pensarem voltar a engravidar, guardem. Mas na roupa de tamanho maior podem apenas deixar algumas peças que, geralmente, o objetivo ou, pelo menos, a vontade, é não voltar a precisar de usar outros tamanhos. Para um dia que uma pessoa esteja mais inchada podem dar jeito mas por uma questão psicológica não guardem todo um guarda-roupa de peças que vos estão grandes e de um tamanho ao qual não querem voltar porque não está a ser usado, logo, está apenas a ocupar espaço no armário e não têm um recurso acessível caso aconteça aumentarem de peso, o que vos ajuda também a focar nos hábitos em que precisaram de se focar para perderem peso e manterem um corpo mais saudável – isto, atenção, apenas se aplica a quem passa ou passou por um processo de perda de peso por mudança de hábitos que, como disse, há imensas razões por que o nosso peso é afetado e nem todas dependem do que fazemos ou deixamos de fazer.
A relação com o nosso corpo e a nossa imagem tem, geralmente, origem e resolução na mente mas tem certamente também implicações bem práticas e logísticas no nosso guarda-roupa, na forma como nos sentimos, como nos vemos, como os outros nos vêem e nas decisões de estilo que tomamos e não tomamos. No cuidado que temos connosco. E se já estamos ou planeamos fazer o trabalho interior é também importante trabalhar o exterior – não há melhor complemento – porque conhecer o nosso corpo e saber vesti-lo ajuda a passar pelas mudanças de peso e corporais ao longo da vida – tenho a certeza de que me teria ainda sentido pior se achasse que a única solução seria vestir sacos de batatas quando engordei! E este conhecimento dá-nos opções que ajudam e limitam as investidas de compras e toda a gestão do closet e do orçamento, logo, o espaço lá em casa e a carteira agradecem!
Se estás numa dessas fases em que não reconheces o teu corpo, em toda uma mudança de vida, de quem és, do teu estilo, mas estás à espera de emagrecer para apostar em ti e recuperar a tua identidade visual, terei todo o gosto em ajudar-te nessa altura que percebo que sintas que terás um melhor investimento quando te sentires melhor contigo. Mas se a espera vai longa acredita que aprenderes a gostar do teu corpo já e saberes como o vestir da melhor forma para ti fará maravilhas pela forma como te sentes, sem precisares de emagrecer um quilo que seja mas ajudando também muito na motivação e foco que podes aplicar nesse objetivo. Aprender a arte da paciência e mudar maus hábitos foram a chave para mim, no teu caso, as soluções podem ser outras mas procurar as tuas respostas é essencial e se precisares de ajuda nessa orientação e coaching específico, também seria um prazer estar ao teu lado! 🙂 Assim, supé fofinha e tudo! heheh
Imagens pinterest.pt/ Gifs giphy.com
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